MOMENTO DO PREGADOR > "VER A LUZ DE CRISTO"...

07/12/2018 00:00

Então ele se pôs a gritar: "Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim!" Lucas 18:38.

Quem garante que os nossos olhos estão abertos à luz de Cristo? Há uma maneira muito simples de fazer esta verificação...

Tem um pobre que grita insistentemente: “Senhor, tem misericórdia de mim!” verso base. Seu nome é Bartimeu. É cego de nascença. Sobrevive pedindo esmola na saída da cidade de Gericó, no caminho que leva milhares de devotos peregrinos à cidade santa de Jerusalém. De um discípulo do Mestre espera-se um gesto de compaixão. Mas a multidão que segue Jesus fica incomodada com aquele grito de socorro. Manda-o calar a boca, pois seu clamor está atrapalhando.

 

Está todo mundo de olhos fechados e com a mão no peito em êxtase pelas palavras que saem da boca do Mestre. Aquele grito não combina com o clima de silêncio e de recolhimento necessários para ouvir a palavra de Jesus. Fere as “normas litúrgicas”. Jesus não pode ser distraído por conversa de pobre. Não tem tempo para perder. Tem que ir logo a Jerusalém para instaurar seu reino glorioso.

 

Que absurdo: a multidão dos discípulos do Mestre, no lugar de abrir o caminho para facilitar a aproximação de Bartimeu até Jesus, torna-se o principal obstáculo para que ele consiga ver a luz. Há também em nossos dias cristãos que participam da vida da comunidade, que fazem muito barulho acerca de Jesus, que têm certeza de já possuírem a sua luz, mas que em verdade ainda estão cegos.

 

Agem do mesmo modo que os discípulos e as multidões que acompanham Jesus na saída de Jericó: não querem que o “Filho de Davi” se interesse pelos indigentes, pelos necessitados, pelos marginalizados. Não querem que ele perca tempo, querem que continue depressa pelo seu caminho para instaurar o seu reino glorioso imediatamente. São cegos, como também são cegas aquelas comunidades que querem silenciar os pobres que gritam, que não querem parar para refletir sobre certas situações e para encontrar alguma solução, que não toleram que alguém perturbe o tranquilo prosseguimento das suas triunfais procissões e de seus cultos.

 

Para ver se nossos olhos estão abertos para a luz de Cristo, basta avaliar a nossa sensibilidade em relação aos pobres, aos “cegos” que bradam nosso caminho pedindo o nosso apoio. Se provocam repulsa em nosso íntimo, se tentamos ignorá-los ou silenciá-los, se preferimos nos envolver em projetos mais elevados, mais espirituais, mais sublimes, acreditando que haja alguma coisa mais importante a fazer do que parar para ouvi-los, compreendê-los, ajuda-los e comunicar a alegria, a paz e o amor de Cristo, então continuamos cegos.

 

Jesus, ao contrário, surpreende todos. Apesar do barulho ensurdecedor dos cânticos de louvor, escuta o clamor do pobre. Manda parar tudo e exige que seus discípulos abram os olhos e os ouvidos diante da situação de miséria de Bartimeu e, como sem não bastasse, exige que o busquem e o tragam até Ele.

 

O que você espera de mim?”, pergunta Jesus a Bartimeu. “Que eu veja!”, responde-lhe taxativamente. Jesus fica encantado com a resposta de Bartimeu. Este não pede esmola, emprego, cargo, funções e soluções aos seus desafios. Pede a Jesus que abra seus olhos e ilumine sua vista para que consiga enxergar a verdade. Até que enfim um pedido coerente com a missão de Jesus.

 

Comentário do Autor:sua foto do perfil, A imagem pode conter: Charles Bernardes, close-up

Jesus veio para abrir os olhos dos cegos, sobretudo daqueles que, mesmo tendo olhos, não querem ver. É impressionante reparar que o pedido não vem da multidão que segue Jesus, pois afinal é melhor dar uma de cego para não enxergar plenamente o sentido autêntico da missão de Jesus. A súplica vem de alguém que está às margens da comunidade e é impedido de chegar até Jesus por discípulos cegos.

“Mestre, que eu veja”, essa é a oração que agrada Jesus e responde a Suas expectativas. Chega de pedir ao povo cristão de fechar os olhos e dirigi-los somente na intimidade numa curva que reforça o fechamento em si mesmo.
Jesus veio para abrir os olhos, levantar a nossa cabeça e olhar ao nosso redor prestando a devida atenção ao clamor dos mais pobres. O verdadeiro discípulo é aquele que não se deixa manipular e não contamina sua vista com visões distorcidas, mas olha a si mesmo e ao mundo ao seu redor com o mesmo olhar de Jesus de Nazaré e o filtro das bem-aventuranças.
 
Com Carinho e Orações,
Palavra da Meditação: Lucas 18:35-43.
 
https://cms.charles-odilon-bernardes.webnode.com/News/Momento-do-Pregador-Ver-a-Luz-de-Cristo/