O VOO DA VIDA

25/09/2014 07:00

“Tudo passa rapidamente e nós voamos” Salmos 90:10.

Essa frase bíblica assume mais sentido hoje, nessa pós-modernidade insana que arquitetamos para nos complicar. A verdade é que já voávamos antes dos balões e do 14 Bis, nas plumas do tempo, que nos impelem numa confusão quieta ao longo de décadas, que parecem anos ou meses, dias, segundos, milésimos.

Voar, dom das aves, certamente foi o tema escolhido porque nossa vida corre tão célere quanto o voo de um pássaro. Mas aprender a voar nunca foi algo fácil, súbito. Lembro-me, quando criança, de ver da porta de casa, cercada de natureza, a ansiedade de um casal de passarinhos para ensinar o filhote a bater eficazmente suas asas. As primeiras e perigosas quedas livres eram o único meio dos pais ensinarem o bichinho a vencerem a gravidade por si. Se o filhote não conseguia, os pais se lançavam velozmente abaixo para salvá-lo, agarrando suas penas antes que encontrasse o chão.

 

Se o exercício do voo é crucial na realidade das aves, torna-se uma metáfora, aplicado a existência humana. Assim como os pássaros, precisamos aprender a “voar”. Implica conduzir-nos a desafios vertiginosos, oportunidades para descobrirmos como vivermos por nós mesmos. Trabalhar, crescer, e reinventar-nos constantemente são atitudes que se contrapõem à gravitação dos possíveis fracassos.

Saber viver talvez inclua abraçar uma realidade mesclada por alegrias e infortúnios, administrados pelo bom senso e com humor. O autor do salmo 90 pede que Deus nos ensine “a contar os nossos dias para que alcancemos um coração sábio” Salmos 90:12.

Se a existência já foi contada em dias, hoje precisamos da Sabedoria em pessoa para valorizar cada momento da vida. Carecemos de visão espiritual para enxergar o ineditismo de cada instante e desfrutá-lo intensamente. Não numa solitária contemplação de si mesmo, mas esquecendo de nossos umbigos e voltando-nos às outras pessoas, tão únicas e especiais. É dizer isso a elas, dar-lhes flores, escrever-lhes bilhetes, fazer uma oração por elas. Não para ofusca-las com nossa generosidade, mas para demonstrar apreço isento de sutilezas.

Necessitamos de Deus para entender o quanto as coisas mais preciosas são frágeis. É fácil abalar relacionamentos com palavras fúteis, mas complicado emendá-los com justificativas demoradas. Também é simples jogar lixo num rio. Complicado é despoluí-lo. É imprescindível debruçar-nos sobre coisas importantes e sensíveis, não depois, nem amanhã, mas agora e aqui.

Viver bem inclui igualmente transcender um passado de culpas e ressentimentos, deixando-nos lavar sob a cascata do perdão divino. É por de lado as más lembranças, acariciar as boas; demorar-nos em rosas, tolerarmos os espinhos, dando as coisas o seu devido lugar.

O verbo voar pode perfeitamente “conjugar” o viver. Primeiro, porque a vida se esvai com pressa. Segundo, porque viver também é uma arte e um prazer. É voar sorrindo enquanto o vento bate no rosto. É voar, embora o próprio voo seja breve, mas intenso, incrível e único. É experimentar a majestade e aventura de planar em altas velocidade e altitude, numa atmosfera rica em emoções, texturas, cheiros, temperaturas e imagens. Viver é imitar os pássaros, que voam despreocupados, pois eles e nós, debaixo de sol ou tempestade, somos amparados pelo Pai celeste, que planeja nos fazer voar para sempre com Ele.

Como os pássaros, precisamos aprender a superar os desafios do crescimento, façamos nossa reflexão diária!

https://cms.charles-odilon-bernardes.webnode.com/home/

MEDITANDO COM DEUS